LABORATÓRIO DE ENS. DE FILOSOFIA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA





Graduação em Filosofia EAD


Resenha 


As Confissões de Santo Agostinho 

Textos Básicos de Filosofia – Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein de Danilo Marcondes, Editora Zahar: Rio de Janeiro, 2009. 6ª Edição. 

Danilo Marcondes é doutor em filosofia pela Universidade de St. Andrews, professor titular do Departamento de Filosofia da PUC-Rio e professor associado do Departamento de Filosofia da UFF. É autor de Textos básicos de filosofia; Dicionário básico de filosofia (com Hilton Japiassú); Iniciação à história da filosofia; Textos básicos de ética; e Textos básicos de linguagem, todos publicados pela Zahar. Escreveu ainda Language and Action: A Reassessment of Speech Act Theory (Londres, John Benjamins, 1984). 

Textos Básicos de Filosofia – Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein é uma coletânea de textos Pré-Socráticos com Poemas e Fragmentos; e textos platônicos, aristotélicos, agostinianos, aquinianos, descartianos, spinozianos, rouseauzianos, humeanos, kantianos, hegelianos, marxistas, engelsianos, nietzschianos, heideggerianos, sartreanos e wittgensteinianos. A obra é estruturada em blocos, sendo cada bloco dedicado a um autor. Nosso trabalho será sobre o quarto bloco, dedicado a Santo Agostinho. 

No quarto bloco, Danilo Marcondes faz uma breve apresentação do filósofo Aurélio Agostinho, situa a obra agostiniana, destaca sua importância e indica a temática central tratada por Agostinho. Ao final do bloco, Marcondes provoca o leitor a refletir sobre a obra com a apresentação de questões para reflexão. 

Danilo Marcondes, no quarto bloco de Textos Básicos de Filosofia – Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein trata da extensa obra agostiniana (filosófica e teológica), mas se debruça sobre Confissões, obra na qual o autor apresenta um relato biográfico de suas experiências pueris e desregramentos juvenis até sua conversão ao cristianismo; e reflete sobre temas centrais da filosofia como Bem e Mal e a questão da relação do homem com Deus. Marcondes afirma ser a obra de cunho confessional, quase existencial. 

Após breve apresentação, Marcondes passa a falar da cristianização do platonismo nas Confissões agostinianas, e afirma que o neoplatonismo exerceu forte influência em Santo Agostinho por permitir uma aproximação com o cristianismo, apesar de seus limites, que Agostinho buscou superar pela fé cristã. Em uma das passagens destacadas por Marcondes, Agostinho se questiona sobre o benefício que foi ter contato primeiro com as obras platônicas e só depois com a Sagrada Escritura, pois segundo ele, ao ter contato com a Sagrada Escritura pôde conhecer de fato a caridade, e a paz de espírito. A firma que se o contato com as obras platônicas se tivessem dado após o conhecimento das Escrituras, estas poderiam lhe arrancar do sólido fundamento da piedade, pois, Agostinho afirma que “nos livros platônicos ninguém ouve a exclamação: ‘Vinde a mim todos vós que estais cansados’(Evangelho segundo São Mateus, 11, 28)”. 

Marcondes aponta também a preferência de Agostinho pelo apóstolo Paulo, cujas leituras lhe eliminaram as dificuldades que faziam surgir as contradições entre os textos de seus discursos e os testemunhos da Lei e dos profetas. Porém, Agostinho revela que não se encontram nos livros platônicos “a imagem da piedade, as lágrimas da confissão”, “o espírito contrito, a salvação do povo, nem a cidade preparada como esposa, nem o penhor do Espírito Santo”. E, como a confrontar o conhecimento filosófico platônico com o conhecimento das Sagradas Escrituras diz: “Uma coisa é ver da montanha arborizada a terra da paz sem encontrar caminho para ela [...] outra é preservar no caminho que para lá conduz”. 

Outro tema tratado por Agostinho no destaque de Marcondes é o problema do Mal, sobre o qual Agostinho firmou posição de que “o Mal não tem existência real ou positiva, caracterizando-se apenas como carência, imperfeição, ausência do Bem”. Agostinho afirma que todas as coisas que existem são boas. 

Sobre a indagação “Quem é Deus?” também destacada por Marcondes, Agostinho afirma que o caminho para Deus passa pela alma, parte mais nobre e elevada do homem, e que ele não tem dúvida de seu amor por Deus, e que o céu, a terra e tudo que neles existe conclamam-no a amar a Deus. E se indaga: “Mas o que amo, quando Vos amo?” “Quem é Deus?”. Agostinho indaga a terra e tudo que nela habita, indaga ao mar e às profundezas dos abismos e as criaturas que ali habitam, e todos responderam que não eram Deus, mas que foram criados por Ele. E Agostinho então se pergunta quem é ele, e encontra em si a resposta de que é um homem composto de corpo e alma, também criado por Deus, ser capaz de ver as belezas das obras de Deus, que ele conclui ser Vida da vida do homem. 

Ao ler as passagens de Confissões, selecionadas por Marcondes, despertou no grupo o desejo de ler e toda a obra. As indagações de Agostinho são pertinentes aos nossos dias. A busca pela compreensão das perfeições invisíveis de Deus é, em nosso tempo, uma constante angústia do homem pós-moderno, que mais que nunca se pergunta: e eu, quem sou? 

Os fragmentos apresentados por Marcondes além de nos despertar para o conhecimento da obra Confissões, dá-nos a confiança de indicá-la para leitura de estudantes de Filosofia e outros leitores que desejam se conhecer como um ser capaz de atingir o conhecimento tanto histórico, quanto filosófico e religioso da obra.


QUESTIONÁRIO: 

1. Como Santo Agostinho vê a relação entre a filosofia platônica e a religião cristã? 

Santo Agostinho vê uma relação muito próxima entre os textos platônicos e a religião cristã pela aproximação destes com o mundo abstrato e espiritual. Porém, Santo Agostinho vê também os limites dos textos platônicos, pois compreende que o saber deles originado é superado pela revelação e pela fé do cristão. Outra relação encontrada por Santo Agostinho entre os dois textos, é que ambos o levaram a buscar a verdade incorpórea. Verdade esta que ele encontrou na religião cristã. 

2. Por meio de que argumento Santo Agostinho procura mostrar que o Mal pressupõe a existência do Bem?

Santo Agostinho havia inicialmente simpatizado com o maniqueísmo, uma religião fundada por Mani (216-277), um sacerdote de origem síria, combinando elementos de várias religiões orientais. A crença central do maniqueísmo consiste em afirmar a existência de dois princípios fundamentais que governam o universo, o Bem e o Mal, representados pela Luz e pelas Trevas, e que são equivalentes em força, estando em permanente combate. Após sua conversão e o desenvolvimento de seu pensamento, Santo Agostinho passa a combater explicitamente o maniqueísmo em várias obras, defendendo uma posição acerca da natureza do bem e do Mal de inspiração claramente platônica. Segundo sua interpretação, o Mal não tem existência real ou positiva, caracterizando-se apenas como carência, imperfeição, ausência do Bem. Todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. O mal não é uma existência real ou positiva, apenas surgiu na ausência do bem. O mal não é uma substancia, pois se fosse uma substancia seria o bem, pois Deus viu que tudo que havia feito era bom. 
O mal é o resultado da liberdade humana, liberdade essa mal conduzida. Deus criou o homem livre e o homem escolheu o pecado. Com isso surgiu o mal moral e o mal físico. O mal metafísico é uma consequência, um castigo de Deus. O mal físico atinge a perfeição natural dos seres e o mal moral na real má vontade que livremente faz o mal. 
Para Santo Agostinho, a ocorrência do mal no mundo é resultado da liberdade humana. Uma liberdade mal conduzida. Deus criou o homem livre, e este, por ser livre escolheu o pecado. Com isso surgiu o mal moral e o mal físico. O mal metafísico é, apenas uma consequência, o castigo de Deus. 

03. Como Santo Agostinho define o Mal?

Depois de Santo Agostinho ter vivenciado a crença no Maniqueísmo, o qual se baseava na existência de dois princípios fundamentais, onde o Bem é representado pela luz e o Mal pelas trevas, sendo equivalentes em forças. Após a conversão do filosofo ao cristianismo este passou a combater o maniqueísmo, defendendo que o Mal não tem existência real ou positiva, que o Mal se caracteriza apenas pela carência, pela imperfeição, ausência do Bem. Ainda aduz que “ todas as coisas não poderiam se corromper se fossem sumamente boas, nem tão pouco se não fossem boas. ” 

4. Como é possível segundo Santo Agostinho chegarmos ao conhecimento de Deus? 

O conhecimento de Deus é a busca da verdade, está para além da mente humana, e Deus é “ intimior intimo meo”, a mente humana é imutável, mas a verdade não, encontramos aí a prova da existência do conhecimento de Deus pela vicissitude da existência humana. Essa existência de Deus não pode ser provada por meio de pressupostos e nem de dogmas. Segundo Agostinho o primeiro passo para alcançar o conhecimento de Deus é a boa fé, partindo do discernimento do espirito como o existir, o viver e o entender. E essa busca começa no próprio íntimo, pela alma, pelo que há de mais digno e sublime no homem, feito a imagem e semelhança de Deus. 

5. Qual a distinção que encontramos no texto entre o exterior e o interior do homem? 

O homem exterior e ser corpóreo, carne, com suas fraquezas e suas vontades, já o homem interior é o que carregamos dentro de nós, ou seja, nossa alma e esta sim é a imagem e semelhança de Deus. 

6. Como você interpreta o uso feito por Santo Agostinho, nos textos acima, de passagens da Bíblia? 

Que papel teriam essas citações? Santo Agostinho desenvolveu o conceito de “Igreja católica” como uma “Cidade de Deus”. Agostinho defende que o texto bíblico não deve ser interpretado literalmente e sim metaforicamente se ele contradisser o que conhecemos pela ciência ou pela razão. Enquanto cada passagem das “Escrituras” tem um sentido literal, isto não quer dizer que o texto escritural é sempre mera história; por vezes as passagens são metáforas.



INTEGRANTES DO GRUPO 

Celso de Oliveira Bussú
Deivson Aroeira
Evany Porto de Lira
Luana Ribeiro Lacerda
Marcos Paulo Pereira
Viviane Francisco
Willias Farias Bastos








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